quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Minha primeira vez...

Às vezes me sinto um alienígena... não sei como funciona, não sei como fazer funcionar, não freqüento ou nunca freqüentei... Outro dia, uma amiga me viu apanhando para mexer no celular dela me falou... “Garota, você nem parece tecnológica...”
Estou me referindo ao restaurante universitário, mais conhecido como bandejão. Conhecido de nome e localização... mas ir... nunca fui... ou não tinha ido....
Soldado (Essa sou eu!) chegou ao quartel para se apresentar ao trabalho (melhor, se apresentando aos estudos!), mas já pensando no horário do almoço. Obviamente, vou nas pessoas que já se apresentaram antes e certamente ficam o dia todo... e, logicamente, almoçam em algum lugar.
Fui baixinho perguntar para minha amiguinha aonde ela almoçaria, hoje, e ela me responde: Vou no Ruhhh... Com um olhar piedoso e meio receoso... Fiz uma força interna para entender que iríamos ao famoso e desconhecido RU. O interessante é o propósito de ir ao bandejão: economia. A refeição custa nada mais que R$ 5,00 para normais e R$ 2,50 para alunos... (é o nosso caso). Minha cabeça fez a seguinte conta... caramba... são R$ 12,50 por semana ou R$ 50,00 por mês. É uma maravilha...
As estórias sem fim que escutei a respeito do lugar são as mais curiosas possíveis... e, coincidentemente, elas voltaram a tona como um balde cheio de gelo. Não sabia se ia ou não.. Fiquei curiosa e com nojo... uma sensação terrível.
Não mais que isso foi a hora que fomos... havia uma multidão caminhando na mesma direção... todos com o mesmo propósito: almoçar. Minha cabeça não fazia ligação entre as estórias ouvidas e a fila para comprar a refeição. Perguntava-me se TODOS ali estão economizando ou simplesmente estavam tão quebrados que topavam qualquer coisa.
Ao mesmo tempo reinava no ar um cheio de feijão de casa... Pronto! Minha cabeça estava entrando em parafuso.
Saquei minha carteirinha e meus suados R$ 2,50 e recebi um cartãozinho magnético que autorizava a entrada na catraca. O primeiro andar estava lotado fomos encaminhadas a outro andar. Enquanto observava o comportamento – totalmente natural – das pessoas, eu ficava olhando todos os lugares a procura das possíveis confirmações fantasiosas...
Para minha surpresa ao me aproximar havia um cartazinho descrevendo o cardápio do dia. Tão logo consegui ler... meus olhos começaram a brilhar e um sorriso me veio a face e a alegria tomou conta de mim... Esqueci tudo o que havia sido blasfemado sobre o lugar. O cardápio era: Isca de frango empanada e ratatouille. Meus lábios expressaram minha surpresa com a mesma velocidade que li... eu recebi a resposta: Humm... Não se deixe impressionar pelo o que está escrito aí.
Senti meus músculos desfazendo o sorriso, a alegria deixou de existir e toda a confusão voltou à cena... e nessa hora eu já preparava meu espírito para ver o que havia no balcão a ser servido.
Dei de cara com uma saladinha de alguma coisa que não sei o que... depois o ratatouille (minha imagem de ratatouille foi a criada pelo filme Ratatouille onde o ratinho Remy prepara para o critico de gastronomia o prato que o remete a sua infância...) e finalmente uma mulher com uma colher enorme regulando a quantidade de isca de frango a ser servida. Ainda, recebi um copinho de suco colorido – sem definição de sabor.
Sentar em um restaurante com uma multidão de pessoas alheias ao significado da degustação por prazer é no mínimo estranho. Enquanto eu aprecio cada mastigada, fazendo o barulhinho de hummm o tempo todo, eu percebia as pessoas engolindo a comida o mais rápido possível - não sei se era para o sabor passar despercebido ou se estavam com muita pressa.
Aquele cardápio de encher os olhos logo se mostrou como o bom e velho arroz com feijão, uns pedaçinhos de frango frito mais um refogado de legumes quase desconhecidos... um ambiente diferente e nada acolhedor... Mas o que eu poderia esperar a mais?
Finalmente, terminei o almoço, apesar da saciedade, com uma sensação de nem havia começado.

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