segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mulher multifuncional!!!

Quando criança tenho lembranças de algumas propagandas que faziam referencia a mulher - dona de casa – com vários braços... Um para cada atividade: lavar, passar, cozinhar, atender ao telefone, cuidar dos filhos, arrumar a gravata do marido antes dele ir para o trabalho e, ainda, trabalhar fora. Tudo ao mesmo tempo e, indiscutivelmente, sorrindo com o cabelo sempre arrumado e bem cheirosa.
Achava aquilo o máximo... A mulher super power!!! O tempo passou, porém a imagem da mulher octopus sempre ficou na minha cabeça. Um ser idealizado, porém irreal.
A mulher recebeu o estereótipo de mulher moderna que cuida da casa e do lar com esmero, amor e dedicação. Passou a acumular turnos de trabalho e foi se moldando cada vez mais a nova realidade. Inicialmente, em busca de reconhecimento profissional e depois para complementar o orçamento doméstico.
Cresci com essa transição feminina e com os conselhos maternos: Filha, estude! Filha, não seja dona de casa, Filha! Tenha seu trabalho e não dependa do marido...Os conselhos são quase como axiomas... Difícil é conciliar teoria com prática. Cresci, estudei, tenho trabalho e, digamos, não dependo exclusivamente do marido! (Pensei: Fiz a lição de casa corretamente!)
Cresci mais um pouco e casei! Cruzes... não sabia nem lavar roupa... Recebi minha primeira lição de dona de casa já com casa. Minha educação foi para ter como instrumentos de trabalho caneta, papel, computador, impressora...
Meu primeiro conflito... quem vai lavar as louças do café... ? No começo tudo lindo... Amor, eu lavo aqui... Amor, eu lavo ali... Depois a rotina impõe a obrigação de lavar e, na minha cabeça, apareciam os conflitos entre a atual realidade e os conselhos maternos...
Bom, sem filhos, podemos tirar de letra. Afinal de contas o que é uma dúzia de copos sobre a pia???
A coisa toma sua verdadeira face com a chegada do(s) filho(s)... Anjos em nossas vidas.. Amor incondicional... só esqueceram de mandar alguns acessórios: manual do usuário e botão liga e desliga.
Necessariamente os filhos requerem cuidados. Cuidados que podem ser igualmente compartilhados – a exceção da mamadeira embutida que carregamos no corpo.
Em função dessa maravilha que é a licença maternidade e a mamadeira embutida no corpo, o filho recém nascido fica, para a grande maioria das mulheres, 99% do tempo com a mãe.
Mais conflitos... só que neste momento tão especial eles são tão potencializados.
Corpo, cabelo, pele, unhas e marido deixam de ser prioridade. E tudo o que era fácil de conduzir vira obrigação! Mas o ser gerado é capaz de fazer com que muitos dos sentimentos negativos simplesmente se evaporem com um sorriso gostoso dado com a boca cheia de leite...
Bom, o foco da conversa está na versatilidade feminina... no acúmulo de tarefas, ora impostas ora absorvidas ora sem saída.
Certa vez, ao trocar a fraldinha do bebê... me vi com uma vontade louca de ir ao banheiro... (Você pode até perguntar o porquê de não ter ido antes de pegar o bebê, mas já prevendo a pergunta eu respondo: A vontade só veio depois que eu já tinha aberto a fralda e ela estava completa, com os dois serviços) Como sair desta situação? Ou eu limpava o bebê, o móvel, o chão e o berço... ou eu me limpava... Adivinha qual a escolha que fiz? Se eu fosse a mulher octopus eu teria dado conta do bebê e de mim... heheheee
Outra vez que senti falta de mais braços foi numa saída para o shopping (esse passeio é o preferido das mães de licença maternidade, andar pelo shopping e distrair o pimpolho). O passeio era para ser curto, mas a tralha era enorme: carrinho, bolsa, mamadeira, fraldas, roupas, lencinhos etc e tal... Minha irmã me acompanhava com sua bebê e toda a tralha dela... Fomos ao fraldário, que por acaso não aceitava entrar com o carrinho, para trocar a fraldinha dos pequenos. Pegamos somente o necessário... Nessa coisa de higiene absoluta com a criança eu estava com a fralda na boca, uma mão segurando os pés e a outra mão eu estava tentando limpá-la por que eu a tinha sujado de coco. Para completar, no meio do meu desespero de não ter mais mãos, recebo uma bela esguichada de xixi que vai no rosto e no corpo do bebê, no chão, em mim e em toda minha paciência com meu ser amado.
O tempo vai passando e as obrigações só aumentam... e minha visão de ser uma mulher moderna vai só cansando... cansando... cansando...
Penso, agora, que se tivesse braços a mais... eu só teria trabalho a mais...
Dar conta da casa, dos filhos, do marido, do trabalho, da escola e da empregada é pedir muito para uma pessoa só...
E descobri, finalmente, nasci para ser moderna... mas NÃO NASCI PARA SER DONA DE CASA!!!

Um comentário:

  1. Poxa amiga, você me deu uma desanimada kkkkkkkkkkkkk EU NÃO NASCI PRA SER DONA DE CASA!!! Se você não nasceu imagina eu, chega da um desespero.

    ResponderExcluir