quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Formigas alienígenas

Sempre tive a sensação de ver bichos, insetos e correlatos como barata passando pela casa, principalmente nas paredes.
Essa sensação ocorre, normalmente, à noite, quando estou deitada no sofá vendo televisão. Ou, ainda, quando a casa está bem silenciosa e estou no computador. Ocorre, também, com pessoas ao invés de insetos... porém a maior freqüência é, certamente, com insetos.
Nos primeiros dias após a chegada do bebê percebi que estava com a mente explodindo de idéias... tipo brainstorm. Eu diria que na verdade era uma tsunami de idéias, pensamentos e especulações. Esse fato era tão avassalador que não conseguia juntar as idéias e tão pouco fazer qualquer conexão. Eram idéias férteis e soltas.
Juntando a coisa de ter a sensação de ver insetos nas horas mais inesperadas com uma tempestade de criatividade e pensamentos insanos, no momento pós-parto, veio a sensação de estar sendo vigiada.
Isso mesmo! Eu tinha a sensação de estar sendo vigiada, filmada... sei lá.. minhas imagens sendo gravadas.
Tudo começou assim... Meu bebê teve que tomar mamadeira logo nos primeiros dias de vida. Assim a rotina de lavar mamadeiras era constante levando em consideração que nos primeiros meses ele chegava a fazer 6 refeições ao dia. Logo que ele mamava a soneca era garantida. Muitas vezes a mamadeira nem acabava e ele já estava dormindo. De certa forma, era um alívio, pois iria cuidar de outros afazeres e até mesmo dormir com tranqüilidade e paz.
A tarefa de esterilizar as mamadeiras ficava por conta do pai e da mãe, então, a rotina de lavá-las e coloca-las no aparelho era constante.
Sempre que estava lavando as mamadeiras, na pia da cozinha, tinha a sensação de ver uma formiga grande passando correndo.
Nenhum problema com formigas... mas, sim, o fato dela ser grande e muito veloz.
Durante dias fiquei com esse pressentimento, já estava incomodada e curiosa.
Passei, então, a buscar essa formiga. Ela tinha que existir ou eu tinha que assumir minha loucura, digo confusão.
Nesta época eu já tinha grande apreço por internet e chat. A licença maternidade juntamente com férias e licença-prêmio me renderam vários meses em casa. Tempo não era o que me faltava – pelo menos nos primeiros meses de vida do bebê. Passava o dia “perturbando” meus amigos – que estavam na labuta – com conversas sobre isso e aquilo. Em especial, com um amigo muito querido passei a desabafar sobre essa sensação de estar sendo vigiada por formigas. Obviamente, ele riu, mas logo eu o enchi com toda a minha fundamentação insana que ele passou a me ouvir (acredito que por pura educação, afinal de contas ele é um gentleman!). As perguntas eram do tipo: __ Você conhece formigas grandes? __Sabem que elas andam rápido? __Tem algum conhecimento no assunto?
Acho que acabei por despertar sua curiosidade e ele começou a corresponder sobre o assunto: __Grande? __ Defina grande.
O diálogo foi demente. Ficamos conversando sobre os aspectos da formiga e assim ela foi definida: Grande: tipo daquelas cabeçudas com o bundão grande e as antenas bem proeminentes. Veloz: sua velocidade é semelhante com a das formigas pretas, magrinhas e extremamente rápidas.
Mas, até, então... eu não tinha visto a formiga. Somente seu reflexo. Tudo isso por conta da sua velocidade.
Passei a caçar a formiga. Afinal de contas eu tinha que vê-la.
Comecei a chegar de surpresa na cozinha, ora contando os passos ora correndo. Levantava os objetos procurando por ela: atrás do escorredor de pratos, na tampa da lixeira, no fogão, dentro da geladeira, embaixo do armário... Foi uma busca só... Tudo bem que a essa altura do campeonato eu já estava paranóica.
E toda essa rotina estava sendo compartilhada com meu amigo... Passei a dividir minha loucura e me sentir mais aliviada até que ele começou a suspeitar da existência da formiga.
Meus pensamentos se voltaram para minha condição de criatividade aflorada. Uma sensação que não tinha experimentado com tanta energia assim. Penso que foi o resultado de tanto leite materno represado (por conta de uma plástica no seio o leite materno produzido não tinha condições de sair...só acumulava. Essa é outra estória!).
Será que a formiga existe? Não é possível! Eu via o vulto! Não estava louca de forma alguma.
Comecei a pesquisar na internet e encontrei:

Segundo a pesquisadora Ana Eugênia Campos Farinha, do Instituto Biológico de SP, há entre 20 e 30 espécies de formigas que vivem em estreito contato com o homem. Entre as mais comuns estão a Tapinoma melanocephalum (formiga-fantasma); a Paratrechina longicornis ou Paratrechina fulva (formiga-louca); a Linepithema humile (formiga argentina); a Monomorium pharaonis ou Monomorium floricola (formiga-faraó); a Wasmannia auropunctata (formiga pixixica), e também as dos gêneros Crematogaster (acrobatas); Brachymyrmex (sem nome comum); Camponotus (carpinteiras); Solenopsis (lava-pés) e Pheidole (cabeçudas), além de saúvas (gênero Atta) e quenquéns (gênero Acromyrmex), estas mais encontradas no meio rural.
Fonte: http://soniareginabrasilia.blogspot.com/2009/09/formigas.html

Nenhuma das descritas acima se enquadrava com a formiga que desaparecia com a velocidade de um piscar de olhos. Um novo tipo acabara de surgir comigo: A Formiga Alienígena com o nome científico Alien insanus.
Armadilhas em cima da pia... açúcar espalhado na casa... mel dentro do pires... Essas coisas para descobrir o caminho que a danada percorria. Era uma operação de guerra... Não queria ver mais esse ser estranho fugindo de mim, me passando a idéia de que estava me controlando... Quando eu aparecia ela se escondia...
Comecei a encontrar os vultos da formiga no banheiro, na sala, no escritório... E minha paranóia passou a aumentar.
Teimei diversas vezes sobre sua existência e na minha cabeça era apenas uma monstrinha... me vigiando, me torturando.
A loucura foi tanta que acho que cansei meu amigo... ele, meio desconcertado, disse que minha imaginação estava a 1000... e que poderia escrever essa e outras estórias.
Nesse momento o foco mudou passaria de personagem para autora da escritora... Achei sem nexo, pois não me sentia com afinidade com a língua portuguesa para chegar ao ponto de escrever isso ou aquilo. Minha mente descontrolada nos pensamentos não me ajudava a organizar nada... Eu não saia do título do conto: Formigas Alienígenas!
Essa idéia foi logo abortada!
Voltei para a caça da formiga.
Percebi que a população aumentou... Elas voltaram para, agora, dominar meu lar...
As mamadeiras e o leite do neném passaram a ser guardadas a sete chaves! Nada ficava fora de proteções herméticas.
Certo dia, acordei meio zonza... com as idéias mais desordenadas ainda... e, penso que as formigas alienígenas passaram a adotar o comportamento humano por que elas deixaram de ser vulto e passaram a ser presenciais... estavam mais displicentes... e nada cuidadosas.
O ataque final estava próximo.
Comprei diversos tipos de veneno... para jardim, para formiga cortadeira e até aquele que vem numa bisnaga para formigas domésticas. Elas tinham que ser exterminadas.
Passei os venenos na casa toda...
Em poucos dias minhas buscas se cessaram e eu passei a ter paz.
A paz, ainda, reina. Não há sinais de alienígenas aqui...
E, meu amigo, a estória está escrita. Obrigada pelo incentivo!

2 comentários:

  1. Amiga eu acredito que essas formigas estejam morando naquela grama que tem na sua casa e só aparecem na cozinha para roubar comida na geladeira rs. Agora eu fiquei na dúvida se as formigas eram realmente velozes ou se você estava com os reflexos alterados, mas antes formigas na cozinha do que cobra no quarto hehehe. Amo você!

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  2. eu adorei ! alis fiz um conto para minha professora de português ,que fala sobre a chegada os alieniginas ao criado mundo das formigas.
    acreditase que há vida em outro mundo das formigas ,e que em vez os alieniginas chegarem em uma gigante nave cheia de luz , eles chegam, em um lata flutuante, e bem interessante o conto .

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